domingo, 1 de junho de 2008

Consequências do consumismo

Relatório: conseqüências do consumo serão 'terríveis' em 50 anos
A população mundial estará usando duas vezes mais recursos que o planeta é capaz de produzir dentro de 50 anos a menos que haja uma mudança imediata no estilo de vida da humanidade, alertou o grupo ambientalista Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês) em um relatório publicado nesta terça-feira.
"Estamos em um sério risco ecológico ao consumirmos recursos mais rapidamente do que a Terra é capaz de substituí-los", disse o diretor-geral da WWF, James Leape. "As conseqüências disto são previsíveis e terríveis", acrescentou.
"As cidades, centrais elétricas e lares que construímos hoje ou irão trancar a sociedade em um excesso de consumo danoso posterior à nossa existência, ou começarão a induzir esta geração e as próximas a uma vida sustentável", continuou.
O relatório Planeta Vivo (Living Planet), um documento de balanço sobre o meio ambiente global publicado ano sim, ano não, mostrou um crescimento absurdo na demanda das capacidades mundiais de produzir ar limpo e fornecer matérias-primas, comida e energia.
Dois anos atrás, o mesmo documento baseado em dados de 2001 destacou que a população mundial já estava superando a capacidade da Terra de regenerar recursos em pouco mais de 20%.
A edição de 2006 do relatório destacou que o número aumentou para 25% em 2003. A "pegada ecológica" da humanidade triplicou entre 1961 e 2003, impelida sobretudo pelo uso de combustíveis fósseis tais como petróleo e carvão, acrescentou.
O WWF destacou que as emissões de dióxido de carbono derivadas do consumo de energia foram o componente de crescimento mais rápido naquele período, aumentando mais de nove vezes.
Enquanto isso, uma consulta sobre a vida animal entre 1970 e 2003 demonstrou que as espécies terrestres diminuíram 31%, as espécies de água doce, 28% e as espécies marinhas, 27%.
"Esta tendência global sugere que estamos degradando os ecossistemas naturais em uma taxa sem precedentes na história humana", acrescentou o documento.
"É hora de fazer algumas escolhas vitais. A mudança que implementa padrões de vida, enquanto reduz o impacto no mundo natural, não será fácil", disse Leape.
Segundo o relatório, cada pessoa ocupa uma "pegada ecológica" equivalente a 2,2 hectares em termos de sua capacidade de poluir ou consumir energia e outros recursos, inclusive comida, enquanto o planeta só é capaz de oferecer individualmente 1,8 hectare.
O WWF calcula que mesmo uma reversão rápida em hábitos de consumo só trariam o mundo de volta aos níveis de 1980 - quando já existia excesso - em 2040.
Os Emirados Árabes Unidos (11,9 hectares por pessoa) e os Estados Unidos (9,6) voltaram a aparecer no topo do ranking de impacto ambiental do relatório, que classifica os países segundo seu alto consumo energético.
A Finlândia e o Canadá superaram o petroleiro Kuwait nas terceira e quarta posições.
Assim como outros países nórdicos, a Finlândia teve um consumo energético relativamente baixo, mas sua indústria madeireira representou um fator de pressão sobre as florestas, alertou o WWF.
Austrália, Estônia, Suécia, Nova Zelândia e Noruega fecharam a lista dos "10 mais", seguidos de Dinamarca, França, Bélgica e Grã-Bretanha.
A China e seus 1,2 bilhão de habitantes ficou em 69º, com uma "pegada-média" crescente de 1,6 hectare. De acordo com o WWF, o rápido desenvolvimento econômico do gigante asiático implica em que tem "um papel chave em manter o mundo no caminho da sustentabilidade".
A pegada do WWF para um país inclui terras cultiváveis, florestas e áreas de pesca necessárias para produzir comida, fibras e madeira que consome.
Também avalia a capacidade de uma nação em absorver a quantidade de dejetos que produz enquanto gera energia, bem como o espaço necessário para sua infra-estrutura.

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